quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Vinte e sete


Hoje é o dia das palavras
Que nunca saíram da boca
E dos sonhos enterrados vivos.
Hoje é o dia dos lamentos
Das ilusões cremadas
Hoje é o dia de festejar a solidão
Dos anos perdidos
De odiar e amar
Hoje é dia de segurar as lágrimas
De fingir que a vida continua
Hoje é dia das máscaras sorridentes
Do riso histérico e fosco
Hoje é dia de contar os anos desperdiçados
E dos corações despedaçados.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Gritos de socorro de uma escola pública.


Você preferiu  fumar a pedra
E a criança na escola se rebelou.
Você saiu de casa
E seus filhos abandonou.
Você ficou inerte.
Foi você que o pó cheirou.  
Mas foi a menina que na escola
O braço todo cortou
Você a culpou por ter nascido
Algo que ela jamais escolheu
Ela ficou fora de sala
Agrediu o colega
Ofendeu o professor
Mas foi você que abandonou.
As notas dela estão baixas
Acho que vai reprovar
E você?
Quem vai censurar?
Seu novo bebê está bem cuidado.
O novo padrasto é lindo e sarado.
O mesmo que dela abusou.
Ela fugiu da aula
Cigarro fumou
Tava na pracinha
A praça dos 4:20
Foi a "tia" da cantina que viu
Quando a patrulha passou
Ela tá sangrando
Nos braços e na alma
Ela tá sozinha
Mas a mãe tem que trabalhar
Não pode perder tempo
Pra conversar com o professor
Ela já ganhou um celular novo.
Isso já não bastou?
Cadê você?
Cadê a família?
O pai, a avó, a tia?
Cadê o teu amor,
Os limites,
O exemplo?
Cadê você?
Que pra escola "criar"
Pro mundo "educar"
Essa criança abandonou?