sexta-feira, 29 de maio de 2015

Não vejo

Procurei em meus versos
Tentei achar uma canção
Mas as coisas estão mais difíceis
Por esses dias tão abstratos

Acho que até a lua foi embora
Não me arrisco em olhar pela janela
Eu já tinha dito que não importava
Se isso doesse em mim

Não é engraçado como tudo dá errado
E rimos porque faz tempo que a esperança
Se foi

Até meus passos calculados
Estavam todos enganados

Não é engraçado quando tudo está errado?
Se rimos é porque faz muito tempo que ela
Se foi

Até meu choro afogado
Tem a grandeza do mar
Eu não o vejo
Sinto e posso escutar

Nada será tão fácil
Eu sempre soube

A janela deixei fechada
Com a desculpa que chovia
Ilusão também amarga
Não encontrei versos nem canções.

terça-feira, 19 de maio de 2015

A falcatrua ou a história do trigo, como quiser. ..

-Enquanto você leva o trigo da sua falcatrua, eu já fiz torradinhas do meu pão pronto!
- Como é?  Não estou entendendo Suzana. Tá falando de que exatamente?
- Dos teus e-mails! Eu os sequestrei!
- Você o quê?
- Sequestrei o teu e-mail. Mudei a senha. Coloquei meu telefone para segurança. Ou seja, todas as suas contas ligadas ao e-mail estão em meu poder.
- Não acredito Suzana. Como fez isso? Por que?
- Já falei demais. Se quiser seu e-mail de volta esteja aqui amanhã às nove horas. Aí negociaremos. E sem atraso!
-Você vai querer dinheiro pelo meu e-mail?  Enlouqueceu?
- Dinheiro?  Óbvio que não quero teu dinheiro! Não é assim que cobrarei o resgate...Amanhã às nove. Tchau, Beijos!

Continua.

sábado, 9 de maio de 2015

Amor Perfeito

Acho que toda mãe deveria aprender a nunca ir com os olhos maquiados nas apresentações de escola de seus filhos.  É, mas quando minha quinta filha está prestes a deixar a educação infantil, eu, mãe experiente ainda não aprendi. Volto com os olhos borrados,

o coração feliz, uma flor desenhada por minha princesa, e sementes de Amor Perfeito. Minha flor preferida.
Ando na rua com minhas três meninas, e nossa alegria é aparente. Falamos sobre as sementes.  Minha filha mais velha me conta, que quando ela e o irmão eram pequenos um dia comentei sobre minha preferência sobre o Amor Perfeito. Era próximo ao dia das mães.  Os dois lembraram que as floreiras da rua XV de Novembro estavam repletas de vasos dessa flor. Como ainda não tinham idade suficiente para saírem de casa sozinho, passaram horas arquitetando planos de ir até a XV surrupiar dois vasos... . Pensaram em convercer a babá a levar os dois lá pra cumprirem o plano. Depois de muito confabularem,  chegaram a conclusão acertada que eu ficaria muito braba se fizessem algo do tipo. E que provavelmente os faria voltar lá e devolver os vasos. Então dez anos depois fico sabendo que meus filhos mais velhos, um dia planejaram um furto pra me presentear, mas que, sozinhos, concluíram que aquilo era errado e contra tudo o que eu ensinava a eles.
Não é fácil educar cinco crianças, mas quando os vejo assim, tomando as próprias decisões, fazendo o correto, penso que eu estou no caminho certo.
Como digo sempre, não sei de tudo, erro também, as vezes pareço autoritária, injusta. Antes de ser mãe, também sou humana. E tudo o que faço é sempre na tentativa de fazer o melhor possível. E com a certeza de que nenhum amor se compara ao amor incondicional de uma mãe por seus filhos. O único e verdadeiro Amor Perfeito.
Termino aqui com um grande beijo à todas as mães.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Desistentes

Queria saber o que se perdeu
Quanto a quanto se foi
Disformes sem sentido
Sem sentimentos
Em espaços redimidos
Num olhar
Relance
A frente
Será mesmo?
Numa constante, num abismo
Ou somente ao luar
                                                     
Porque o poema também perdeu
Como eu
E meus sentidos
Desistentes

quarta-feira, 6 de maio de 2015

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Hora da faxina.

Quase ninguém gosta de fazer faxina, mas ela as vezes se torna necessária. Abrir o guarda roupa, tirar tudo o que não se quer mais, mandar pra quem precisa...
Na vida tem que ser meio parecido, não?  Eu pelo menos já fiz algumas vezes. Separei os
 que já não cabiam e descartei. Mesmo com pessoas muito próximas. Da minha família... Pode parecer insensibilidade. Só que acredito que família são aquelas pessoas que escolhemos e queremos bem pertinho. Pessoas que amamos, e que principalmente nos amam. 
Uma das minhas melhores qualidades é a resiliência. Estou sempre voltando à minha forma perfeita. 
Tive que aprender muito cedo a me virar sozinha. E foi a dor que forjou minha armadura pra lutar. Nada disso me levou a revolta.  Ao contrário. Foi o que me ensinou o valor de se ter uma família com bases sólidas. 
  • Na verdade,  é quase como um jogo. Ou passamos de fase ou perdemos.  E podemos reiniciar. Já pedi exoneração de cargo público três vezes. .. A primeira vez eu tive medo, mas no dia seguinte eu estava lá, assinando nomeação...Como uma roupa nova! Então,  voltamos àquela parte de limpar o guarda roupa. Chegou a vez de faxinar a vida virtual. Assumir uma postura minimalista. Tirar tudo o que não serve mais, excluir, bloquear. Passar de fase. 
Com isso,  o mundo real também ficará menos poluído, mais fácil de respirar. 
Só vou manter quem me leva pra frente, quem acredita e luta por um mundo melhor, quem escreve poesias e não resmunga pelos cantos, quem consegue ver além dos limites do seu umbigo.
Então me dêem licença, tenho muito trabalho. A faxina começou!!!

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Hoje me vi menina.

Hoje me vi menina
Por horas na janela
Achando bonita a música
Que aquela gente cantava

Pra mim pareciam tristes
E minha memória é cinza
Parece que não haviam cores
Olhando do sétimo andar

Minha mãe disse que era do Vandré
Contou histórias de festivais
Eu tinha pena daquele povo
Que cantava a dor e esperança

Hoje olhei aquela janela
Em frente à prefeitura
Me vi chorando
Me vi sozinha

Hoje me vi menina
Pensando que viver não era coisa boa
Numa janela do Centro Cívico

Hoje me vi menina
Pensando como mulher
Pra não dizer que não falei das flores.