quinta-feira, 18 de junho de 2015

Além

Além.

Sombra  é o pouco que lembro,
Você estava sobre mim,
Frenético.
Pouco a pouco, senti que saía do corpo,
Não era o prazer, não eram seus movimentos,
Eram as duas almas que subiam,
Num estágio maior que qualquer prazer.
E eu disse, serei pra sempre tua.
Nenhuma palavra de minha boca saiu.
Você já fazia parte de mim.
Unidos numa força muito maior.
Senti teu gozo,
Mas, longe dos corpos, o que se sentia era muito maior.
Lágrimas saíram dos meus olhos,
Sem que você pudesse perceber.
Acho que você nem entendeu,
O que estava acontecendo.
Seu corpo suado, jogou-se para o lado.
Dormiu.
Não sabe, que não poderia mais separar.
Que em outros corpos, no superficial,
Nunca achará.
O que está unido
Além.

Elas são de Marte. Mulheres sem Censura. Palavras Escolhidas, 2014.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

As almas e os lugares.

Acho que as casas tem almas.
Refletem as energias dos que habitam.
Há lugares pesados.
E outros que nos fazem bem.        
Existem casas no meu coração.
De um tempo passado.
Mas jamais esquecido. Quando posso, eu visito algumas casas.  
As vezes, fico triste. Uma casa foi demolida. E dela restaram tão boas lembranças. ..Outra perdeu a varanda. Isso me comoveu. Varandas são como um convite. Lugar pra sentar, conversar com os amigos, ler, tomar um café ou uma cervejinha. ..Dou alguns tapinhas carinhosos na parede do quarto deste apartamento ancião onde moro e escrevo. Um prédio cercado de histórias.  De sorrisos e de tragédias. Faço as contas. Deve ter uns bons sessenta anos. Amo este prédio! Entre suspiros, percebo que é melhor levantar. Hoje, às aulas reiniciam no colégio cinquentenário onde trabalho...Acredito que escolas também tem almas...E eu, nesta fria manhã de Curitiba, carrego a contragosto meu corpo cansado pra lá. Tenho que trabalhar!


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Pássaro Ferido

Seu canto triste
foi ouvido em todos os cantos
Não havia Passargada
Somente as pedras do caminho

Semeando uma lágrima
E regando sem esperança
Teve pesadelos quando
Nem podia dormir

E os quatro cantos
Ouviram seu pranto
Os anjos também se foram
E o sol apagou

Seu riso forçado
Seu trabalho pesado
E o escudo de fogo
Era a salvação

Mas  da terra brotaram uivos
Canhões dispararam medos
E ela fechou os olhos
E morreu.